segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A Ordem do Poder Supremo e os Demônios

Há muitos anos deixei a Ordem do Escudo Sublime para me juntar ao seu grupo dissidente, a Ordem do Poder Supremo. Nosso grupo vem crescendo cada vez mais, agregando membros de várias ordens em busca dos conhecimentos e práticas que já foram de comum acesso aos arcanos e clérigos de outrora, e hoje, lhes são negados.

Os Inquisidores buscam poder, isso é claro, e não é do interesse desta missiva entrar em tal questão, mas sim explanar ao senhor, Patriarca, um pouco de nosso conhecimento sobre a principal fonte dos conhecimentos ocultos: os demônios. Esperamos, assim, que o senhor repasse aos seus irmãos estas informações, e logo, juntem-se a nós na busca pelo que nos foi negado a eras.

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Demônios são criaturas sobrenaturais de outros planos de existência, como o senhor deve saber. Inegavelmente, são criaturas vis e traiçoeiras, mas de grande poder. Eles atendem a uma hierarquia própria, uma forma satirizada da nossa própria organização social. Não me deterei em detalhes básicos, pois seria uma ofensa ao seu intelecto, mas gostaria de reforçar a idéia de planos exteriores:

O mundo em que vivemos é apenas um plano dentre centenas de planos de existência. Aquilo que chamamos de “Inferno” é uma concepção errônea de algo singular, quando em verdade, existem vários “infernos”.

Quatro infernos correspondem aos quatro elementos da natureza, retirando o aspecto destruidor, corruptor e transformador destes elementos. São eles:

Azura, o inferno dos ares, governado por Pazuzu
Hadall, o inferno das águas, governado por Valphar
Io, o inferno das chamas, governado por Surtr
Tartaros,  o inferno das terras, governado por Marax

 Ademais, muitos outros infernos fazem parte do que chamamos “círculos infernais”, visto a disposição em que estes planos estão dispostos.

Estes senhores infernais são extremamente poderosos, soberanos em seus lares e comandantes de inúmeros exércitos abismais de bestas horrendas e malévolas. Como criaturas extremamente longevas, eles nos acompanham no plano em que vivemos desde os primórdios.

Como o senhor deve lembrar, os clérigos e arcanos vindouros após a Era do Descobrimento eram conhecidos como “conjuradores do oculto”, responsáveis por intermediar as palavras dos seres sobrenaturais invocados através de complexos rituais, que incluíam palavras proibidas, nomes secretos e selos de proteção e invocação. Aliás, muitos acreditam que a origem dos exorcistas e necromantes de hoje esteja ligada a estas antigas práticas.

Pois bem. As práticas de Conjuração do Oculto, em sua maioria, foram abandonadas devido ao perigo que o contato com estas criaturas trazia. Nossa ordem é a única detentora do mais profundo conhecimento sobre o assunto, colhendo os frutos de um sincretismo do oculto oriundo de nossos Fundadores. Asseguro-lhe que temos os meios necessários para evitar a insubordinação destes seres, assim como a corrupção do conjurador, comum aos praticantes incautos das Artes.

Mas perdoe-me, estou a divagar.

A questão das invocações é simples: os demônios são detentores de inúmeros conhecimentos, e compreendemos que através das Conjurações do Oculto, é possível adquirir uma vasta gama de saberes. Várias descobertas dos homens foram, em verdade, fruto destes seres: a roda, o fogo, a escrita e até mesmo a magia são apenas algumas delas.

Através dos rituais, conseguimos controlar estas criaturas, beneficiando-os de seus conhecimentos. Os membros de poder mais elevado de nossa Ordem têm obtido sucesso em fazer incursões aos infernos elementais, aumentando assim o material de pesquisa e as “amostras” destes reinos lúgubres.  Afinal, sabemos que “conhecimento é poder”, e conhecer seu inimigo é ter poder sobre ele.

Despeço-me, senhor Patriarca, com os meus mais sinceros votos de adesão da parte de sua Ordem. Tenho certeza que encontrarão no Poder Supremo não apenas valorosos aliados, mas forças que lhe auxiliarão a cumprir os dogmas de sua fé.

Atenciosamente,
Grão-inquisidor Sebastian Ultrech

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