quinta-feira, 30 de agosto de 2012

As revitalizações de Greyhawk



Hoje chegaram pelos correios dois livros bem interessantes: Return of the Eight e o Greyhawk Player’s Guide, ambos para a 2ed do AD&D.

É interessante notar a tentativa da Wizards of the Coast de resgatar Greyhawk, no final da 2ed. Em 98, ano em que apesar do selo “TSR” constar nas capas dos livros, era possível ler “Wizards of the Coast” no interior dos livros. Aliás, a compra da TSR foi em 1997, e desde já discutiam a criação da 3ed. Em dois anos de licença, eles exterminaram Planescape, Darksun e Spelljammer, focando em Greyhawk e Forgotten Realms.

Assim como Carl Sargent foi o “pai do renascimento” do cenário de Greyhawk em 1993 (com o From the Ashes, seguindo após as Greyhawk Wars), Roger Moore (não, não é o James Bond) e Anne Brown foram os principais responsáveis pelo início da “era WotC” de Greyhawk, em 1998.

Seguindo o mesmo molde de Sargent, algumas aventuras foram lançadas antes do “livro básico”, um tipo de livro que explica “o mundo em si”. Algo como o que tínhamos com as caixas básicas dos cenários de campanha. Desta vez, aventuras como Return of the Eight e The Adventure Begins auxiliavam os jogadores a se familiarizarem com o mundo de Greyhawk em sua nova época “presente”. Vamos dar uma olhadinha na linha de tempo:


Gary Gygax (The World of Greyhawk): lançado inicialmente em 80 como um livreto, foi relançado dentro de uma caixa junto com outros materiais em 83. Quase 20 módulos foram lançados entre o livreto e caixa, e todos apresentavam um pouco do cenário de Greyhawk em sua história. A “data presente” na caixa é 576 CY.


 James Ward (Greyhawk Adventures):  lançado em 88, fala com menos abrangência sobre o mundo em si, mas ainda assim fala “de tudo um pouco”. Com o cenário abandonado por causa do sucesso de Forgotten Realms em 86 e de Dragonlance em 88. Jim Ward perguntou aos fãs o que eles gostariam de ver em um livro de Greyhawk. Mais de 500 cartas ajudaram a montar o livro. Algumas regras/moldes da 2ed já podem ser avistadas aqui, sendo este o ultimo livro capa dura que hava sido publicado para 1ed do AD&D. 


David Cook (Greyhawk Wars), Carl Sargent (Five Shall Be One), Dale Henson (Howl from the North): todos de 91. A TSR queria distância do material de Gygax, então resolveram tomar distância também no período da história de GH contada por Gary. Assim, uma grande guerra ocorre, contada em duas aventuras e um jogo de tabuleiro (Greyhawk Wars), passando dez anos na linha do tempo.
Carl Sargent (From the Ashes): lançado em 92, aborda o período após as Greyhawk Wars . Aqui ocorre a primeira grande atualização do cenário, e o foco do início do jogo para os jogadores é por volta do ano de 586 CY. Na verdade, Carl Sargent seria conhecido em Greyhawk por seu trabalho com City of Greyhawk, lançado logo após a 2ed do AD&D. A cidade de GH seria e reescrita a sua maneira (junto de Doug Niles e Rik Rose), afastando-se da ideia de Gygax. 


 Em 1994, a TSR cancelou todo o material de Greyhawk, mesmo o livro Ivid the Undying, suplemento praticamente pronto para GH (mais uma vez, por Carl Sargent). Contudo, fãs conseguiram reaver o manuscrito e reconstruíram o que seria o livro original (depois, tanto a TSR quanto a Wizards disponibilizariam a aventura gratuitamente). 

A passagem de 1997 para 1998 marca a compra da TSR pela Wizards of the Coast. A empresa queria reviver o cenário moribundo, e em 1998 contrariam Roger Moore e Anne Brown para revitalizar o mundo.
 

Anne Brown (Greyhawk Player’s Guide): lançado em 98, o livro traz informações básicas para os jogadores, como fazia o primeiro livreto de 1980. Enquanto o trabalho de Moore era situado em 586 CY (mesmo ano de GH Wars), o livro de ambientação de Brown situava-se em 591 CY, fazendo uma releitura dos livros anteriores, principalmente o trabalho de Gygax e Sargent.

1999 marcou os 25 anos do jogo, e a TSR/Wiz. tentou resgatar jogadores antigos através das séries “Return”, com seis aventuras feitas como se fossem continuação de clássicos como Tomb of Horrors e Against the Giants. Por fim, o último suspiro do AD&D seria dado com a aventura “Die Vecna, Die”, que ligava Greyhawk, Ravenloft e Planescape. As mudanças ocorridas na história da aventura serviriam de “explicação” para a mudança de edição, e assim, surgiria a 3ed.
Em 2000, o “mundo padrão” do D&D se tornaria mais uma vez Greyhawk.

Bom, a história a partir daí eu deixo para outros colegas contarem. Greyhawk teve novas “revitalizações” e “renascimentos” nas mãos de diversos autores, o que faz com que fãs do cenário de dividam em vários grupos. 

O mais irônico disso tudo é pensar que Gygax não entendia como alguém poderia querer saber mais sobre o mundo dele! Afinal, cada Mestre tinha seu mundo, suas histórias e seus heróis: como alguém iria se interessar por algo deste tipo, tão pessoal, escrito por outra pessoa?
Gary não sabia, mas nos deu um grande presente, além do D&D.

4 comentários:

  1. Muito legal o post Rafael. Sempre tive dúvidas em relação a cronologia de Greyhawk. Pra quem nunca leu sobre e só tem esparsos pdfs por aí, por onde você aconselharia começar?

    Além disso, o Living Greyhawk Gazetteer se encaixa como nessa história?

    E por último, achei um livro de contos do gygax, night arrant, que se foca nas aventuras do Gord e o parceiro bárbaro dele, Chert. É bem legal.

    Mas fora isso, não li nada dos módulos de RPG, só a literatura mesmo.

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    1. olha, depende um pouco. como vc viu, a historia passa por muitas mãos. os mais "puristas" preferem o Folio de 80, e complementa-se com os modulos do comçeo dos anos 80.

      o living GH é da 3ed, e é mais uma tentativa de colocar o cenario no mercado. como 3ed nao é minha área, eu nao entrei no assunto, heheh

      essa serie do Gord parece muito legal, e dá otimas pistas do cenario. Gygax queria q GH fosse muito mais que um continente, mas a TSR (e depois a Wizards) decidiu q se focaria apenas em uma área

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  2. Salve Rafael!

    Excelente retrospectiva. Não desgosto das reformuações do Greyhawk wars e considero que complementam bem o material inicial. Só não consigo engolir o material da Wizards pré3E e da 3E, muito menos o fraco argumento sobre material generico/default ser válido para Oerth.

    Ed Greenwood tinha uma visão parecida com a de Gygax quanto ao tratamento de FR como um cenário aberto com poucas áreas definidas e o restante a disposição para desenolvimento dos jogadores, mas a visão da empresa e claro, a curiosidade dos mestres e jogadores, também prevaleceu.

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