sábado, 13 de abril de 2013

Sobre alinhamentos

O alinhamento de um personagem sempre foi motivo de discussão nas minhas mesas. "Um guerreiro Caótico e Bom segue ordens?" ou "mas o monstro é Neutro, por que está nos atacando?" eram questões comuns antigamente.

Hoje, confesso que nem uso mais o sistema de alimenhamentos, ou ainda, o uso de forma bem ampla, como no BD&D (melhor explicado no nosso contemporâneo Old Dragon). Ao invés de se preocupar com "bem" e "mal", pensar apenas no eixo "Ordem" e "Caos" parece muito mais interessante, e não é a toa que me parece que a opção "Caos" seria mais atrativa.

Afinal, como aventureiro, "espera-se o inesperado", e as ações de quem busca aventuras não costumam seguir a "ordem", ao contrário do que penso dos heróis, que realmente buscam a resolução de um grande conflito. Pensemos em um grupo como os Heróis da Lança do cenário Dragonlance que, mesmo inicialmente não desejosos, acabam (em maioria) combatendo uma força caótica e anárquica. Neste caso, a Lei/Ordem parece ter maior importância, pois seu oposto poderia desistabilizar todo o mundo como o conhecemos.

Por outro lado, ao lermos as histórias do albino Elric, de Michael Moorcock, entendemos que a Ordem pode levar à não evolução, ou a uma estagnação. O caos seria necessário para evoluirmos, pois saindo de uma "zona de conforto", a humanidade poderia crescer. Faz sentido quando pensamos nos avanços tecnológicos oriundos da guerra.

NA revista Strategic Review #1, Vol 2 (1976), Gygax fala um pouco sobre o assunto, e nos apresenta um quadro interessante:

 Para melhor colocar o leitor no contexto, os eixos superior e esquerdo são, respctivamente "Bem" e "Ordem", enquanto o inferior e o direito são "Mal" e "Caos".

Essa tabela, como a data nos mostra, foi criada pensando em OD&D e Chainmail. A neutralidade dos Druidas já nos soa comum, assim como de outras criaturas (sim, porque o Druida era um "monstro" antes de virar classe) ligadas a natureza. Mas o ladrão como algo neutro soa um pouco estranho para mim. Na verdade, esse aspecto da neutralidade parece até um certo "egoísmo" do personagem, que está "em cima do muro" e age de acordo com o equilibrio das coisas.

O que pensar então, das escolhas de alinhamento? Essas tendências deveria guiar o personagem, e não defini-los. Assim como um chefe do crime beholder pode ser Ordeiro, da mesma forma temos o Paladino. Um bravo guerreiro pode não seguir nenhuma lei que não a sua, mas um orc sanguinário também.

O alinhamento acaba se tornando, para mim, uma ferramenta não mais util do que uma pergunta em um questionário, como "qual a profissão do seu personagem", ou "por que ele se aventura". Mesmo com efeitos mecânicos (como magias de proteção e itens mágicos), não vejo que uma "regra" para alinhamento seja necessária. Contudo, devo admitir que ter escrito esse tipo de tendência na ficha ajuda o Mestre em alguns casos.

Por fim, o uso do alinhamento é algo que deveria ajudar o Mestre e o Jogador, e não restringi-los em suas escolhas. Como sempre, o bom senso é vital, e justamente por ser uma qualidade nem sempre fácil de ser usada é que as vezes certas regras ajudam na hora do jogo, como a "Tendência/Alinhamento".

5 comentários:

  1. A ilustração realmente auxilia o mestre a utilizar os alinhamentos ou tendências como um guia, inclusive com exemplos de quem os segue.

    E realmente é uma boa aliar a tendência com um questionário sobre as motivações dos personagens dos jogadores e dos mestres também, para direcionar a interpretação e as ações no mundo do jogo. Tenho feito isso e o resultado tem sido satisfatório, muito além do preconceito generalizado de que em D&D não há interpretação.

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  2. Curiosamente, eu sempre vi os ladrões como algo inerentemente neutro,; nem bom nem mau, nem ordeiro nem caótico, apenas fazendo aquilo que é melhor para si mesmo.

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  3. Eu costumo ver o alinhamento realmente como o alinhamento do personagem com as forças cósmicas por trás dele. Ordem significa a favor da civilização, do homem, da normalidade. Caos significa ligação com forças estranhas másgicas, não humanas. E Neutro seria o que vai para onde for mais vantajoso ou seguro no momento.

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  4. Um post sobre a ligação entre as Especializações de Old Dragon e os alinhamentos seria interessante :D. A maioria para mim são bem justificáveis, mas ainda tenho dúvida quanto a outras. Guerreiros (Especialistas em Arma X com outro nome) neutros? Acho que seria mais para um treinamento especial em alguma arma do que uma ligação com a Neutralidade

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  5. Tambem tenho uma relação de amor e ódio com os alinhamentos . Reconheço uma certa utilidade para o DM e também como pano do fundo da campanha, com forças cósmicas num grande tabuleiro do xadrez moral, mas tive tantos maus exemplos de seu uso nos players que peguei uma aversão séria . O principal problema reside na arbritariedade do sistema , que ao ser usado ao pé da letra gera todo tipo de resoluções irreais. Gosto da ambiguidade da natureza humana , minhas campanhas tem um ar cínico e cinzento , como na vida real.

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