sábado, 24 de dezembro de 2011

Um pouco sobre a criação de Planescape

Estava lendo meu exemplar do livro de aniversário de 30 anos do D&D, e queria dividir com vocês então alguns fatos legais sobre a criação do cenário de campanha “Planescape”.

Bom, com o fim “produtivo” da linha Spelljammer em 93, a empresa precisava de algo que ao mesmo tempo fosse novo, diferente e que tivesse uma moral parecida com a de Spelljammer: um cenário onde os heróis pudessem viajar grandes distâncias e aventurar-se em terras estranhas e diferentes do habitual.

Um dos designers da TSR, Slade Henson, tinha idéias para um produto chamado “Planescape”, tendo como base o livro da 1ed AD&D “The Manual of Planes” (1987) que, aliás, nunca havia tido uma revisão para a 2ed.


Com a aprovação para continuar o projeto, muito do que era o “Planescape” foi mudado (processo comum na empresa). Além disso, a equipe aprendera algumas coisinhas com Spelljammer e Vampiro: a Máscara (que fazia muito sucesso na época):

- Do primeiro, a importância de ter uma “base”, um local central para os personagens interagirem (como a Cidade de Greyhawk).
-De Vampiro, Jim Ward queria que os jogadores tivessem um senso de “pertencer à um grupo”, e então surgiram as facções de Sigil.

Zeb Cook buscou inspiração em lugares fora da fantasia “padrão”: filmes de Hong Kong, livros diferentes e outras fontes alternativas, tentando sair um pouco do “sword & sorcery”. Dana Knutson fez diversos esboços par ao cenário, os símbolos das facções, a Lady of Pain, a aparência arquitetônica de Sigil e muito mais.

A partir destes esboços, Tony DiTerlizzi “deu a cara” que conhecemos hoje: lugares sombrios, maravilhosos e alienígenas, com criaturas ao mesmo tempo humanas e monstruosas.
Claro, existiram outros artistas (como Robh Ruppel- e este, por sinal, é a “cara” de Ravenloft pra mim!), mas assim como Baxa e Brom deram os tons de Dark Sun e Jeff Easley nos trouxe Dragonlance 5th Age, DiTerlizzi sem sombra de dúvida é a maior influência em Planescape.

eu era apaixonado por essa imagem
Dave Wise e Zeb Cook foram responsáveis por outro fator peculiar deste cenário, que Steve Winter chama no livro de “the Voice”. Existe uma maneira como o cenário é descrito, como se outra pessoa nos contasse em linguagem coloquial sobre o mundo (algumas são “legítimas” mesmo, usadas a décadas atrás). Gírias e maneirismos são característicos, como “berk”, “jink” ou “barmies” (confuso? Dê uma olhadinha aqui).

Acredito também que foi nessa época que tivemos as melhores descrições dos diferentes planos de existência, como eles se conectam e como acessá-los, e um grande aprofundamento na cosmologia geral do D&D. Os Tanar’ris e Baatezus  tiveram sua história ampliada de maneira fantástica e muito bem organizada, além de sua “Blood Wars” ter gerado um card game interessantíssimo.

 Além do Box, suplementos e aventuras, a franquia contou com um jogo de computador, miniaturas, card game e novelas (e, até onde seu sei, pelo menos uma revista em quadrinho).

Com certeza, esse foi um cenário inesperado em 1994, e foi muito bem vindo. Sua marca na história da 2ed e do Dungeons & Dragons com certeza foi profunda e duradoura. E muito bem-vinda.


(atualização: vejam o comentário do Brenno logo abaixo para muitas informações legais. valeu Brenno!)

3 comentários:

  1. Salve Rafael!

    Ótimo apanhado do material dos 30 anos de d&d. Complementa bem outra primorosa fonte sobre a criação do cenário que é o artigo Behind the scenes: The making of the planescape da Dragon Magazine 208.

    Outras curiosidades a respeito da criação:

    - O nome original do cenario/produto concebido pelo Slade Henson era Kudos.
    - Durante a elaboração do box set inicial ja estavam sendo produzidos dois modulos/suplementos (The planes of chaos e The eternal boundary).
    - Foram os esboços de Dana Knutson que convenceram os administradores executivos da TSR a investir em Planescape como linha de produtos. Até então eles estavam tendo dificuldades em aceitar um mundo de jogo que englobava os demais mundos do d&d.
    - Comenta-se que a mesma estrategia teria sido usada para convencê-los a investir em Dark Sun no ano anterior.
    - O rosto da Lady of payn foi literalmente esculpido por Cindy Jackson, esposa do artista Robh Ruppel. A eles se juntou Kauth Dennis para acrescentar as lâminas em halo ao rosto da lady.
    - O trio acima foi responsavel pelo logotipo metalico (o rosto da Lady junto a um pedaço de "rocha" e fundo verde) de inicio tridimensional, sendo apenas depois trabalhado para o layout convencional.

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  2. valeu brenno! adicionei uma nota no fim da materia :)

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  3. Sempre ás ordens Rafael!

    Sou hiperfã do cenário. Precisando de ajuda com os planos é so avisar, rs.

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