quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Jeff Grubb sobre as guerras de edições

Acredito que a esta altura, todos já sabem da vindoura 5ª edição do D&D (mesmo que a Wizards não chame de “edição”, por enquanto).
Jeff Grubb, game designer do tempo da 2ed, postou algo muito interessante sobre as constantes guerras que o D&D trava consigo mesmo desde os primórdios do hobby. Resumindo, é o seguinte:


OD&D VS os Básicos:

A caixa que viria a ser conhecida como “Original” D&D (ou seja, o primeiro D&D) foi a introdutória ao jogo, que “tirou” jogadores de wargame e os conduziu ao RPG. Este grupo reagiu negativamente à simplicidade de regras e visual “moderno” das caixas básicas (Holmes, Moldvay, Mentzer). O fato de ser um produto mais “orientado as massas” também desagradava. Isso tudo sua familiar, não?

D&D VS outros FRPG:

O sucesso do D&D criou empresas famintas por um pedaço desse novo mercado. Com produtos compatíveis, algumas traziam aventuras e suplementos que variavam entre o sofrível ao excelente. Eles usavam as regras do D&D, mas eram obrigados a dizer que não era um produto aprovado pela TSR.

D&D VS AD&D:

Apesar de conviverem pacificamente e na mesma época, estas edições também competiam por atenção. Se uma era fruto de um produto Arneson/Gygax, o AD&D era “100% Gygax” (o que não acho correto), e assim, os “puristas” se diferenciavam dos outros.

1ed VS 2ed:

A mudança não foi tão estranha, se pensarmos bem. Muitas das regras da 2ed eram house rules na 1ed, e elementos considerados problema por alguns (como a constante consulta das tabelas de combate) foram resolvidos. Reparem na repetição de certos temas na briga (a briga do “undergroud” VS “popular”).

2ed VS seus vários mundos:

A TSR tentou abocanhar diversos gêneros, e por isso, diversos temas foram abordados em seus mundos. Dizem que o fato de ter dado tanta opção foi algo que funcionou no inicio, mas depois, teve certos problemas. Sabemos como é a sensação de gostar de algo, e esse produto perder o suporte da empresa. Bem ou mal, o publico se divide entre os que gostavam de Forgotten Realms, de Greyhawk, de Dark Sun, etc, e com isso, as discussões sobre “qual é melhor” eram comuns. Ainda assim, a interação entre pessoas através da internet era limitada, então o “trocar opiniões” e as “edition wars” não tinha um alcance tão grande.

AD&D (1 e 2ed) VS 3ed:

As mudanças de edição foram fáceis, visto que uma nova equipe havia sido contratada, havia mudado de lugar físico (já se estabelecendo definitivamente como “um produto da Wizards”) e algo que foi surpreendente pra mim: Jeff Grubb diz que o staff tinha certo desdém pelas edições antigas,e  até mesmo usavam camisetas que tiravam sarro da 2ed. Acredito que isso tudo tenha contribuído, de uma forma ou de outra, com a guerra entre edições. Devemos notar também que as diferenças entre 2ed e 3ed são muito maiores do que entre a 1ed e a 2ed, logo, é normal haver mais “estranheza” entre os jogadores.

3ed VS OGL:

Um dos grandes pontos da OGL era tirar o peso de ter que fazer aventuras e suplementos, materiais de menor tiragem (e lucro). Contudo, as empresas começaram a fazer linhas próprias, com seu conjunto de regras e suplementos à parte.  Um ponto curioso é que, enquanto a diversidade de material foi um ponto negativo para a 2ed, foi um ponto positivo para a 3ed.

4ed VS 3x (3.5 e Pathfinder):

A maior e mais recente das edition wars. O fato de que muitos não gostaram das mudanças adotadas (e a própria tiração de sarro daWizards com seu sistema anterior) fez com que muitos não mudassem de sistema. Ter várias empresas dando suporte aos produtos que não eram mais de interesse da Wizards (OGL) manteve o público “bem abastecido”, mesmo sem o “suporte oficial”. Uma frase chama a atenção:

“Pessoas jogando jogos diferentes com o mesmo nome é um problema”

Por fim, Jeff Grubb conclui dizendo que a competição dentro do D&D não apenas é natural do jogo, mas que é saudável e que ajuda a crescer o hobby e a base de jogadores. É normal eleger uma edição como “definitiva” e ignorar todas as anteriores e as posteriores.

Bom, acho que é mais ou menos isso. Acredito, porém, que a OSR desempenha um papel nisso tudo, e que graças a ela (e obviamente , à OGL), temos suporte para todas as versões do D&D, e acredito que assim será por um bom tempo.

Um comentário:

  1. As editions wars serem um processo ciclico no d&d ja é algo perceptivel para quem conhece sua história.

    A competição entre os cenários é algo que ocorreu (desde a diferença entre Gygax e Arneson sobre o universo de seus jogos) e pelo visto sempre ocorrerá, sendo tão acirrado quanto a desavença entre os sistemas.

    ResponderExcluir