Pessoal, hoje trago pra vocês um depoimento de Bruce Heard, game designer veterano do tempo da TSR que trabalhou de 1983 até 1993. Dentre seus feitos, temos muitos materiais de Mystara, como Glantri e a série Voyage of the Princess Ark (publicada na Dragon Magazine).
A pergunta foi feita no grupo “Mystara Reborn”, no Facebook:
- Andrea Ciceri pergunta: “ Bruce Heard, você pode, por favor, nos falar sobre a publicação do gazetteer de Gantri? Por favoooor!
- Bruce Heard responde: “Bem, eu consegui um acordo freelance com a TSR (apesar de eu já ser empregado lá) para escrever Glantri. Tive sorte que meu chefe na época (Michael Dobson se bem me lembro) não se importou que eu encarasse um projeto de 96 páginas. Até então, minha experiência passada era com projetos de 32 páginas. Ainda aprecio sua confiança na época. Na época, isso era visto como um projeto “monstruoso” (ha! ha!)
Dei uma boa e longa olhada nos primeiros dois Gazetteers e pensei que 64 páginas não eram o suficiente para fazer o trabalho corretamente. Depois, vieram muitas horas de trabalho, dias inteiros de trabalhando e até durante os fins de semana, tentando conceber um sistema e estilo relativamente novos.
Nesta época na TSR, design arrojado e inovador eram vistos apenas nos primeiros suplementos de Dragonlance. Além destes, os produtos da TSR eram relativamente simples em suas expectativas e design. As coisas mudaram rapidamente neste ponto.
Eu lembro que Jeff Grubb uma vez se referiu aos Gazetteers do D&D como projetos “barra de ouro”, não tanto pela renda que produziriam, mas pelo conteúdo oferecido (e provavelmente também pelos custos)
Uma das grandes vantagens de ser da equipe [staff] era a oportunidade de fazer um “brainstorming” com dois dos principais “mapeadores” designados para os Gazetteers. O estilo de mapa estava bem estabelecido até então, mas eu podia realmente entrar nos detalhes do mapa do GAZ 3 [no caso, o livro de Glantri mesmo, o “The Principalities of Glantri”] porque Dave Sutherland e Dennis Kauth estavam excitados com a direção do Gazetteer, e me permitia sentar com eles e ajudá-los (fazendo coisas como pré-posicionar marcações nos mapas para simplificar o trabalho deles). Isso era o máximo. Mapear era “cortar e colar” manualmente em várias camadas de acetato que tinham que ser escaneadas para produzir “azuis” e “chromes”... Oh, que prazer!
Lançar uma linha de produto como esta era quase como disparar um foguete. Você nunca tinha certeza completa de qual seria o resultado final, e se a coisa explodiria na ignição. A fumaça havia dissipado, e o GAZ 3 seguiu seu caminho feliz. Acho que foi tudo bem :)
Também tive o prazer de trabalhar com Stephen Fabian que fez ilustrações internas, e Clyde para as capas externas. Não existe explicação de como é essa sensação. É puro divertimento e prazer quando tudo se junta e parece maravilhoso. Sou muito feliz de ter tido a oportunidade e o privilégio de trabalhar lá, fazendo as coisas que eu fazia.
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(26/02 - Atualizado, com um pouquinho mais de informações)
O nome Glantri já existia como parte do Know World do Expert Set. Como o chefe de criação para Mystara, fiz uma lista de Gazetteers e acessórios para D&D, seus conteúdos e estilos, e a ordem em que seriam publicados. Uma vez aprovado, eu tinha total liberdade criativa para fazer o que eu quisesse. Era absolutamente ideal!
Trabalhar com Mystara tinha seus prós e contras. Um problema era que ninguém na equipe estava ao menos um pouco interessado em OD&D ou Mystara, especialmente no início. Por outro lado, isso significava que eu poderia fazer praticamente o que quisesse com esses produtos. O outro fator chave foi que eu também gerenciava as aquisições de freelancers na TSR, permitindo que eu contratasse quem eu queria para qualquer produto que fosse. Naturalmente, escolhi ótimos escritores para os acessórios de D&D. Estrategicamente, eu estava no melhor lugar de todos!
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(26/02 - Atualizado, com um pouquinho mais de informações)
O nome Glantri já existia como parte do Know World do Expert Set. Como o chefe de criação para Mystara, fiz uma lista de Gazetteers e acessórios para D&D, seus conteúdos e estilos, e a ordem em que seriam publicados. Uma vez aprovado, eu tinha total liberdade criativa para fazer o que eu quisesse. Era absolutamente ideal!
Trabalhar com Mystara tinha seus prós e contras. Um problema era que ninguém na equipe estava ao menos um pouco interessado em OD&D ou Mystara, especialmente no início. Por outro lado, isso significava que eu poderia fazer praticamente o que quisesse com esses produtos. O outro fator chave foi que eu também gerenciava as aquisições de freelancers na TSR, permitindo que eu contratasse quem eu queria para qualquer produto que fosse. Naturalmente, escolhi ótimos escritores para os acessórios de D&D. Estrategicamente, eu estava no melhor lugar de todos!
Uma boa história!
ResponderExcluirSalve Rafael!
ResponderExcluirExcelente post... Os gazetteers estão entre os melhores materais suplementares de cenário do d&d. Não é a toa que Mystara possua um longo grupo de fãs consistentes.
Mystara é o cenário de campanha mais instigante que já foi criado pela TSR. Que fiquem com Faerûn, Ansalon e Oerik quem queira -- o negócio é se aventurar com um nobre cavaleiro karameikano, um mago glantriano controlador da Radiância, um ladrão minrothadiano e um clérigo darokiniano nas Terras Arrasadas e enfrentando os elfos de Aengmor e as maquinações de Rafiel.
ResponderExcluirMuito interessante esse relato. Sou um grande fã de Mystara, e é de longe, meu cenário favorito. Não que os outros cenários, Forgotten Realms, Greyhawk, Dragonlance, Ravenloft, Planescape, Dark Sun, sejam ruins, ao contrário, são muito bons. Mas Mystara possui uma simplicidade que me cativa demais. É uma pena que este cenário é muitas vezes criticados, por ser "pé no chão" demais.
ResponderExcluirInfelizmente, temos poucos materiais deste cenário para BD&D traduzidos para o português.
Valeu Rafael. Ótimo tópico.
Thanks for your interest. Hope I can bring back some fun stuff for all to enjoy! Cheers & muito obrigado!
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