segunda-feira, 2 de julho de 2012

David "Zeb" Cook sobre "liberdade do DM" e "criação da 2ed"

David Cook basicamente é um dos meus "pilares" do RPG, já que foi o chefe de design da 2ed do AD&D, o sistema que mais joguei (bom, ainda jogo) nesses 20 anos de RPG. Não apenas isso, como também é o pai do cenário Planescape e diversos módulos da 1ed.

Lendo seu Q&A no DF, achei alguns comentários legais que queria dividir com vocês.




Sobre "se você tivesse a possibilidade de refazer Vecna, o manteria como um mago?":

"Para mim liches são sempre magos. Sou apenas um tradicionalista. Mas também, eu ignoraria tanto quanto eu precisasse porque afinal de contas, ele é um lich -- e feito para ser um desafio. As regras sobre classes, etc. são para os jogadores.
Como DM eu faria o que fosse necessário para fazer uma boa aventura".


 
 Sobre a criação da 2ed do AD&D:

"Bem, tempo nunca foi um problema com a 2e, exceto que existia muito trabalho a fazer. Acredito que trabealhei por 1 a 1 ano e meio. Calro que mesmo com esse tempo ainda existia uma montanha de trabalho para fazer.[...] Tudo que mudei ou adicionei passou por um processo -- os outros editores e designers davam seus pareceres, e o chefe do departamento dava o seu. [...] a preocupação geral era que tivessemos que manter uma jogabilidade razoável com o 1e onde pudessemos.
Um bom exemplo [sobre mudanças sugeridas mas evitadas] foi o que poderiamos ter feito com a classe de armadura. Em termos de jogabilidade e mecânica, seria muito melhor mudar o AC de forma que fosse de 0 (pior) e aumentasse. Era conceitualmente mais fácil e nos daria mais flexibilidade no design. Mas teria sido muito mais dificil de usar com o material da 1e então deixamos pra lá."


 Sobre perícias na 2ed:

"Acho que foram uma coisa boa. Algo que faltava no AD&A era um senso de que seu personagem tinha uma vida real além de suas habilidades de classe. Davam ao jogador uma maneira de criar um background mais culturalmente informativo para seus personagens. Bem usado e aplicado, as perícias eram uma maneira de dizer coisas como "Este é o resultado de ter sido criado por fazendeiros/lobos/clérigos/piratas". [...] Agora as perícias não funcionam tão bem quando se tornam apenas uma desculpa para fazer coisas especiais em combate.
Neste ponto elas perdem o sentido de fazer seu personagem mais do que uma classe e se tornam outra maneira 'munchkinza-lo'  "

5 comentários:

  1. Nunca joguei Muchikin, mas as perícias que servem como desculpa para combate e faz as pessoas resolverem tudo na dado são minha eterna dor de cabeça. Não tenho muito saco para ficar modificando sistemas e adicionando novas regras e esse tipo de coisa, por isso amo o old dragon. Ele tira as pericias e pronto, mas se algum jogador fala 'meu personagem cresceu nas montanhas e tem conhecimento de ervas que crescem por aqui porque foi criado por um ranger' eu digo, ta anota ai na ficha e pronto, o personagem ganha uma pericia que garante um bonus ou sucesso automatico quando ele quer fazer isso. E quando é combate, é combate. Ganha algo 'mecanico' caso o personagem fique vivo o suficiente.
    Sempre desconfiei que a AC tinha continuado negativa por causa do 1e. Lendo coisas da época você sempre vê que é relacionado com todas os sistemas que eles tinham.
    Passou pela minha cabeça "O que teria acontecido se coisas como AC tivessem sido mudadas para representações mais fáceis?". Digo isso pensando que as coisas ainda eram TSR e isso pra mim significa qualidade de material, pelo menos OldSchoolzisticamente falando.

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    1. Alexandre, otimo ponto. O AC negativo é tradução nos wargames,e foi mantido por Gygax desta forma. Acretido tb que o 1ed tinha MUITO peso entre os fãs, e mudar isso seria comprar briga com muita gente!

      sobre o "munchkin", no texto ele se refere ao termo q inclusive deu origem ao jogo de cards "Munchkin": é o jogador que faz de tudo para ter beneficios em jogo. talvez algo proximo do "overpower" + "advogado de regras" :D

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  2. Bacana isso, rapaz. Eu sempre me perguntei porque eles mantiveram a CA inversa, e realmente, realmente acho exatamente a mesma coisa quanto às perícias. Tanto que ficava irado quando algum jogador espertinho vinha usar perícias dos suplementos pra apelar em combate, especialmente porque ninguém lia com muita atenção (exemplo: Acrobacia, que um jogador meu chegou dizendo que reduzia automaticamente 2 da CA, todo mundo engoliu e assim ficou até os dias de hoje, quando voltamos a jogar a 2E e esclarecemos tudo XD).

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    1. valeu Dan! é, tb tinhamos alguns problemas com pericias e combate. o Malabarismo, se nao me engano, dava bonus com facas ou algo assim

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  3. Curioso eu ter lido isso sobre a AC, já que estou escrevendo regras caseiras que tem como base esse mecanismo descrito, começando de 0 e crescendo (não sendo bônus). Quanto as perícias, o procedimento insipiente da 1ed (os backgrounds) me parecem o ponto de partida adequado para fazer isso, as perícias sendo absorvidas por experiências de vida e treinamento com profissionais. E de alguma forma retirar seu aprendizado do vínculo do nível e seu poder dentro do encontro.

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