Mystara é mais um dos “mundos” criados para o D&D, mas talvez seja o mais confuso de entender sua origem e relação com outros produtos, visto que originalmente este não era seu nome.
Vamos tentar, então, “começar pelo começo”:
“O Mundo Conhecido”
O mundo básico onde se passavam os jogos de D&D não tinha nome, e as referências geográficas nos módulos eram bem genéricas. Os módulos “Expert” (X), “Companion” (CM), “Master” (M) e alguns Gazeteers* (GAZ) usavam termos genéricos como “mundo”, “continente”, ou “mundo de campanha” para definir o que viria a ser Mystara.
Isto mudaria em 1988 no GAZ6 (Rockhome) ao chamar o mundo de “D&D® game’s Known World”, e mais tarde no GAZ10 (The Orcs of Thar) apenas como “Known World” (algo como “Mundo Conhecido”).
“O que diabos é Mystara?”
De acordo com o Set 5: Immortal Rules (1986), o nome do planeta seria “Urt”, mas pelo visto decidiram ignorar este fato e renomear o planeta como Mystara (alguns acreditam que a origem do nome “Mystara” vem de “Mystery Star”, o que na minha opinião é uma hipótese no mínimo engraçada). De qualquer maneira, Mystara acabou sendo um mundo onde vários cenários de diferentes autores acabaram se juntando para criar um mundo único, com diferentes níveis de sucesso na empreitada.
“Blackmoor”
Originalmente, Blackmoor era o cenário criado por Dave Arneson para seus jogos de miniaturas e que mais tarde também seria usado como cenário teste para o que se tornaria o D&D.
Sua primeira publicação foi em 1975 como segundo suplemento para o OD&D (1974). Apesar do título, não incluía nenhuma informação sobre o cenário, a não se a aventura “Temple of the Frog”, que mais tarde ganharia seu próprio módulo.
A confusão começa no instante em que é decidido que Blackmoor seria parte tanto do Known World (Mystara) quanto de Greyhawk, criado por Gary Gygax.
Blackmoor em Mystara
Como parte de Mystara, Blackmoor existiu no passado distante do mundo, a mais de 4 mil anos, e cuja civilização após atingir seu ápice tecnológico destruiu a si mesma numa catástrofe global.
A princial ligação entre Mystara e Blackmoor acaba sendo viagens no tempo e/ou aventuras onde artefatos tecnológicos são descobertos, como pistolas e espadas laser. Os eventos que ocorrem nas aventuras em Blackmoor podem alterar o presente em Mystara, o que é uma sacada muito bacana. A ambientação em Blackmoor deu-se principalmente devido aos módulos da série “DA”: Adventures in Blackmor, Temple of the Frogs, City of the Gods e Duchy of Ten (este último foi o único que não veio nas notas de campanha de Arneson).
Blackmoor em Greyhawk
Já em Greyhawk, Blackmoor ocupa uma posição bem menos intrigante. Começou como uma piada interna na mesa de Gygax e também como uma maneira de homenagear seus colegas escritores e suas criações. De certa forma, a existência de Blackmoor em mais de um mundo permitia que personagens como Mordenkainen (Gygax) e Robilar (Kuntz) pudessem aventurar-se tanto no Castle Greyhawk como na City of the Gods de Blackmoor, numa mesma campanha.
Apesar desta idéia de “cenário interligado”, Blackmoor saiu oficialmente em Greyhawk como um pequeno reino ao norte do continente, habitado predominantemente por humanos.
“Certo, mas como ficou afinal?”
No final, temos os seguintes nomes mais importantes para entender um pouco sobre Mystara:
-Mystara: nome do planeta (antes chamado de Urt e de Known World)
-Known World: conjunto de nações num nível tecnológico e cultural o da Terra por volta do séc. XV, mas sem a pólvora.
-Savage Coast: a 2000 milhas oeste do Known World, está a Savage Coast, uma área que começou no módulo X9 The Savage Coast e que foi expandida até a 2ed do AD&D, publicada na caixa “Red Steel” e mais tarde online (tem tanta coisa pra falar de Savage Coast que merece uma postagem só pra falar das coisas boas, ruins e bizarras!).
-Hollow World: isso mesmo, dentro de Mystara existe um mundo inteiro, pois o planeta é “oco”. O nível de civilização e cultura é parecido com o dos antigos egípcios, gregos e astecas/maias/incas (ainda não sei diferenciá-los, me desculpem). Iluminado por um sol vermelho no centro de Mystara, o Hollow World é um mundo a parte, onde civilizações extintas “do lado de fora” do planeta se refugiaram e prosperaram.
Por fim, isso é Mystara: uma curiosa amálgama de projetos e cenários, com características próprias e peculiares e uma boa legião de fãs!
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*Gazeteers eram livros que descreviam lugares, reinos e povos. Alguns traziam além de informação sobre o mundo, mapas, aventuras e marcadores.
Algumas informações foram pesquisadas por efnisien do fórum Dragonsfoot
Consegui muitas informações sobre Mystara com o Havard, já que o mesmo é um grande fã que entende muito do cenário. Ele também é dono do fórum “The Piazza”, dedicado a antigos mundos de D&D. Confiram o fórum e o site pessoal dele, “The Blackmoor Era”.
Mais um excelente post sobre a história do D&D.E acho que poderiamos eleger Mystara "o cenário mais confuso do D&D".
ResponderExcluirFala Rafael, atualizei o Dragão Banguela com o seu banner lá!
ResponderExcluirAbraços.
Pois é, no Dragão Banguela tem postagens com o cenário e eu tive a sorte de arranjar o próprio livro básico, que diga-se de passagem é muito sem graça sem os mapas. Adoro o cenário, comecei AD&D lá e joguei a maior campanha de minha história lá: durou uns dois anos. Tudo tem que ter um fim, mas recomecei ano passado uma campanha lá na qual andei usando umas referências da história antiga; É enfim um cenário muito divertido, mas o maior detalhamento incrivelmente está no trabalho dos fãs, que se esmeraram em anos de produções literárias para detalhar um cenário com amis de 4 mil anos de história! Parabéns a todos.
ResponderExcluirQueria saber: em que livro apareceu pela primeira vez o nome Mystara? Eu tenho todas as Gazetteers em pdf, e nelas só se vê referências mesmo a "Known World". Já no "Wrath Of the Imortals" aparece como Mystara. Mas eu queria saber se esse foi mesmo o primeiro livro a dar o nome final ao mundo de jogo.
ResponderExcluirFala Giovane, blz? perguntei pro havard, no forum do dragonsfoot e ele acredita q tenha sido usado pela primeira vez na série "Voyage of the Princess Ark", da Dragon Magazine. Era uma seção tipo um gazeteer, mas tinha um conto que antecedia a materia. abraço!
ResponderExcluirNovas notícias! De acordo com "efnisien" no forum Dragonsfoot, o nome provavelmente foi escolhido através de um concurso. Na Dragon Magazine 132, pg 32, consta que "ainda não foi escolhido o vencedor da promoção 'Name That World'", logo tem uma chance de o nome ter se originado atraves deste concurso.
ResponderExcluirOlá, Rafael quero primeiramente parabenizá-lo pelo blog, sou um grande fã de D&D e gostaria de ver aqui no blog postagens sobre as Gazeteers. Valeu!
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