segunda-feira, 4 de setembro de 2017

AD&D 2Ed e a CA crescente

Ouvindo o excelente podcast do Dead Games Society com David "Zeb" Cook, aprendi algo muito interessante: a 2ed deveria ter sido criada com CA crescente.
Pra começar, aos que não sabem, digo que Zeb Cook é um dos grandes responsáveis por mudanças de regras na vida do D&D. Não apenas o famoso 2ed, mas o Expert Set e o Oriental Adventures também contam no seu currículo, assim como uma vasta gama de aventuras.

Bom, explicando ao público que eles tinham o compromisso de fazer uma 2ed, eles usariam muito do feedback da época, das mesas de grupos e de suas próprias, para oficializar várias house rules, dar um update em algumas regras antigas, e mudanças cosméticas e/ou práticas.

A ideia quanto ao CA era que ela crescesse, pois assim, ela não teria limite. Contudo, uma das ordens da empresa era de manter o jogo familiar ao público. Afinal, eles tinham um depósito cheio de material da 1ed.

Desta forma, acabaram por fazer o sistema do Thac0 como o conhecemos hoje, uma maneira mais elegante do que as tabelas da 1ed. Independente do caro leitor gostar ou não (Rafael Vivian está por ai?),foi uma saida inteligente para um problema da época.

Mais tarde, como podemos ver com a troca da 2ed para a 3ed, essa questão ficou menos evidente, e tivemos muitas mudanças, e o trabalho de adaptar se tornou maior.




EXTRA
Uma postagem antiga minha, perdida na internet:



David “Zeb” Cook sobre “perícias”.
David “Zeb” Cook é um dos principais game designers responsáveis por obras como o 2ed AD&D, o cenário de campanha Planescape e os suplementos Taladas e  Oriental Adventures, dentre vários outros feitos.

Apesar do uso de perícias ser sugerido anteriormente, foi em Oriental Adventures que a esta regra das perícias comuns começaria a se desenvolver no forma que conhecemos hoje no 2ed.

  
Vamos ler algumas sábias palavras de Zeb, quando perguntado no fórum Dragonsfoot sobre perícias:

“Acho que elas foram uma coisa boa. Uma das coisas que faltavam no AD&D era qualquer senso de que seu personagem tivesse uma vida real além das habilidades de classe. Elas davam ao jogador um modo de criar um background mais informado culturalmente para seus personagens.

Bem usadas e aplicadas, as perícias eram a maneira de dizer coisas como “Este é o resultado de ter sido criado por fazendeiros/lobos/clérigos/piratas.” Levava as pessoas a pensarem sobre seus personagens como algo além de um ser que brotou pronto da testa de Zeus. Agora, as perícias não funcionaram tão bem quando elas se tornaram apenas desculpas para fazer coisas especiais em combate. Neste ponto elas perderam o sentido de fazer seu personagem mais do que uma classe e se tornaram outra maneira de ‘bombar’ ele.”

Podemos ver então que a intensão das perícias não era de criar uma muleta, mas sim, de dar um sabor diferenciado aos personagens, uma cor diferente através de ajustes menores nas regras. Acredito que as perícias não foram uma mecânica muito feliz pelo problema exposto no fim do comentário. As pessoas não compravam “fazer potes de barro”, mas sim “lutar no escuro”. Talvez se as regras fossem um pouco diferente, separando as perícias em “perícias de profissão”, “perícias de hobby” e assim em diante, as coisas poderiam ter um resultado diferente.

Me criei com o sistema de perícias, apesar de não utilizá-lo mais, e vejo uma ótima idéia com uma executão não tão boa.

Mesmo assim, é ótimo ler o real intuito do autor.

4 comentários:

  1. Ótimo post. Gosto muito do sistema de Thac0, mas lembro que muitos dos meus amigos nunca entenderam. Quando jogávamos First Quest, eu como DM, fazia os cálculos para eles e dizia se tinham acertado ou não. Quanto às perícias, tive sorte de pegar um grupo de AD&D que usava perícias bem diversificadas: como navegação, fazer flechas, preparar fogueira, senso de direção, reparar armaduras, ler/escrever, etc. Não é o melhor sistema, mas funcionava também. Na minha opinião, uma evolução natural dessa abordagem de "habilidades gerais" pode ser encontrada no Dungeon Crawl Classics. Abraço!

    ResponderExcluir
  2. Adorei o post, unica ediçao que eu realmente gosto, obrigado pela artigo!

    ResponderExcluir
  3. Desde os primórdios, as diferentes edições sempre jogaram um perigoso jogo de compatibilidade e inovação. Nós já vimos o resultado de se mudar muito, o risco de descaracterização, mas sabendo disso hoje, o AD&D 2nd teria se beneficiado se tivesse ido um pouco mais além de organização das regras do primeira. Bem, o problema dos "ses" e que nunca poderemos saber se teria sido bom ou não a mudança, e o Zeb com certeza poderia ter sido ainda mais influente se não tivesse sido contido pela TSR. No mais, bom artigo!

    ResponderExcluir
  4. Pois é... O tema da ca menor = melhor nunca me incomodou, mas reconheço que os criticos sempre tiveram razão quanto a falta de praticidade dessa regra negativa. As pericias eu sempre usei bem alinhadas com o background e os atributos.

    ResponderExcluir