quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A gênese dos planos de D&D segundo Gygax

Olá pessoal! Hoje tenho a honra de postar um texto do grande Brenno Barboza, mestre das antigas e grande conhecedor de Planescape. Espero no futuro contar com mais contribuições, não apenas dele, mas de outros colegas aficionados por D&D das antigas.

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 Aloha!

Como muitos que passam por aqui sou um grande fã do trabalho do Rafael Beltrame que sempre traz diversas informações e curiosidades do D&D. São histórias realmente incríveis que mostram boa parte da verdadeira riqueza na trajetória do mais aclamado jogo de RPG do mundo.       

Um assunto que sempre apreciei nessa história é a cosmologia, principalmente conhecer as influências e sua evolução como o patamar final de desafios e descobertas no mundo das aventuras (sem contar que sou muito fã de Elric de Melniboné). Como no Brasil não temos muito material, resolvi escrever umas linhas sobre os primeiros rascunhos de Gary Gygax sobre os planos.

O embrião primordial

Podemos dizer que os planos começaram a ser pensados num modesto artigo intitulado Planes - The Concepts of Spatial, Temporal and Physical Relationships in D&D, na revista The Dragon 8 em 1977 escrito pelo próprio Gygax como uma proposta ou “sistema” inicial dos planos.  

Uma das primeiras coisas que chamam atenção é o texto não usar o termo multiverso em qualquer momento (apesar da palavra já ser famosa na época por conta dos romances de Michael Moorcok). Gygax fala em infinitos planos co-existindo na forma de planos, subplanos e semiplanos que parecem se sobrepor... É um conceito que lembra bastante o tema espada e planeta e certamente tem raízes na clássica noção de realidades ou universos paralelos (um assunto muito presente nos antigos contos e filmes de ficção científica da década de 30 a 50).

Os Planos, como podemos ver no PHB do AD&D1ed


O Plano Material é descrito como lugar onde vivem todas as formas de vida humanóides (isso mesmo... Todas elas). Os Planos Positivo, Negativo e os Elementais seriam planos que tocam os planos materiais. Não fica muito claro o que seria o Plano Negativo, mas é provável que já estivesse na sua mente uma relação com os mortos vivos (levando em conta que ele também não define ou não sabia muito bem o que seria o Plano Positivo é perdoável, rs).

O Plano Etéreo para Gygax existe no mesmo espaço do material, servindo para viajar ate os Planos Interiores que tocam no material. O Plano Astral levaria aos Planos Exteriores, estes seriam um apanhado de objetivos filosóficos e religiosos que segue as premissas dos alinhamentos (um conceito que já havia sido publicado em edições anteriores da Dragon). Uma curiosidade importante vai para uma característica do Plano Astral... Segundo Gygax, seria uma área cuja existência deforma a dimensão do comprimento como conhecemos. Muito interessante ver essa tentativa de conciliar conceitos de dimensões da Física com a fantasia (algo que também lembra os contos de ficção cientifica). 
 
Os demais planos têm o design praticamente igual ao da Grande Roda da segunda edição, com os mesmos nomes usados nas mitologias clássicas (Noves infernos, Nirvana, Arvandor, Paraíso Gêmeos...). Aqui também não existem grandes detalhes, apenas umas pinceladas leves do tipo e da posição de algumas áreas (Alguns artigos posteriores da Dragon, escritos por ninguém menos do que Ed Greenwood trariam detalhes sobre regiões dos planos inferiores).  

Como os planos funcionam, até a 3ed.


Outro aspecto muito importante da proposta de Gygax para os planos esta na relação das armas mágicas (ele menciona as de prata e as de ferro frio) com as criaturas planares. Sobre isso, ele diz 3 coisas:
- Seres planares existem simultaneamente em mais de um plano, um dos quais é sempre o Plano Material, da mesma forma que as armas mágicas. Assim sendo, armas +1 ou melhores afetam criaturas existentes de formas simultânea em 2 planos, armas +2 ou melhores acertam seres existentes de forma simultânea em 3 planos e assim sucessivamente (Uma dúvida que me surgiu lendo foi se mais de um personagem no multiverso pode possuir a mesma arma mágica).
- Todo tipo de criatura tem o seu próprio sub-plano no qual tem sua auto-existência. Sim, isso mesmo... Existiriam sub-planos para CADA criatura acertável. Dessa forma, se explicam as armas que causam dano extra nas criaturas que podem ser atingidas por armas normais (Faz pensar se é possível saber em quantos planos uma criatura passa a realmente deixar de existir).
- As armas mágicas só funcionam com suas propriedades mágicas dentro de certa proximidade com o plano material. Assim, uma arma +1 só é eficaz enquanto estiver a um plano de distância do material. Esta regra com certeza deve ter inspirado o funcionamento das magias e habilidades nos planos.

A intenção parecia ser mesmo deixar os preenchimentos serem feitos pelos mestres e jogadores para formar sua própria cosmologia planar. Hoje sabemos que o interesse dos fãs por mais material sobre os planos acabou gerando não apenas artigos, mas um livro sobre os planos na primeira edição do AD&D e depois o impressionante cenário de Planescape.

3 comentários:

  1. Acho bem legal a maneira como o Gygax trata os planos e universos paralelos no DMG da 1e. Deixa tudo bem aberto e com possibilidades infinitas para o mestre, possibilitando todo o tipo de brincadeira e experiência. Ele dá a base da coisa, mas evita entrar muito em detalhes para não limitar o jogo.

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  2. Probabilidades e ideias infinitas, como bem ressaltado pelo Diogo. Acho também que não tem como se aprofundar muito (e nem seria muito bom pois funcionaria como "rédeas". É um assunto pessoal, mas muito bem colocado.

    E olha o Brenno aí! rsrsrs. Uma pena que nossas aventuras presenciais em Planescape tenham dado uma pausa... mas vamos que vamos!

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  3. Muito bom esse post Rafael. Curti demais saber esses detalhes sobre os planos.

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