A seção “Up On a Soapbox” teve sua estreia
em 2001 na Dragon Magazine # 287, já na época da 3ed. Escrita por Gary Gygax, a
seção apresenta curiosidades e histórias bacanas das experiências de Gygax,
sempre com um “moral”. Esta que estou trago hoje, em livre tradução e adaptação,
foi publicada originalmente na edição 302 (dez/2002) da Dragon Magazine.
Tudo que eu precisava saber eu aprendi com
o D&D: Uma moeda por seus pensamentos
Diga isso para o Tio Patinhas (um dos meus
heróis, é claro), e ele aceitaria prontamente. Isso nos leva a questão: é
possível dar tesouro demais? É claro, mas não se feito da maneira correta.
Apenas o avarento mais respeitável com sua gigantesca caixa forte de moedas
poderia dar conta de tantos tesouros. Descobri isso por acidente quando
detalhando as áreas de encontro da dungeon do primeiro nível do Castelo
Greyhawk original.
O que parece muito nem sempre é muito.
Quando os intrépidos personagens dos meus filhos Ernie e Elisa descobriram e
derrotaram o covil dos kobolds, sua subsequente busca revelou um grande baú de ferro. Este
recipiente continha centenas de moedas de cobre!
“Ah-há”, eles pensaram, “mesmo com a taxa
de câmbio por ouro nós encontramos uma soma valiosa”. Certo...e errado!
É claro que a pesada caixa cheia de moedas
de cobre era mais do que dois personagens poderiam lidar. Depois de muito
debate, pegaram o máximo que conseguiriam, saíram da dungeon e foram até a cidade
para trocar o dinheiro por moedas de valor maior, e depois retornaram ao
primeiro nível da dungeon para mais tesouros. Imagine a indignação várias horas
de jogo depois quando os aventureiros descobriram que em sua ausência outros se
aproximaram e levaram o resto do tesouro.
Não me diverti apenas com a ideia de uma “arca
do tesouro flutuante”, com várias criaturas da dungeon levando a arca para seus
covis apenas para que encontrassem a arca novamente, mas a ideia de um vasto
tesouro, impossível de ser plenamente conquistado se solidificou em minha mente
e se tornou uma importante ferramenta em criar possiblidades interessantes de
aventura. Em níveis mais profundos da dungeon, as moedas se tornaram prata,
electrum e eventualmente ouro. Mesma naquela época onde a quantidade de tesouro
carregado significaria mais xp ganho, estes valores absurdos seriam
praticamente inúteis.
Sacolas encantadas com espaço
extraordinário eventualmente se tornaram disponíveis, mas até chegar lá o xp
necessário para passar de nível fazia com que mesmo 20 mil xps extras [N.T: no
caso, ele se refere ao fato de levar 20 mil moedas] fossem pouca coisa quando
divididos entre os jogadores.
A reação inicial dos jogadores ao
encontrarem grandes somas de moedas de baixo valor era de contratar
mercenários. Eles recrutaram orcs como mercenários, pagando-os com parte do que
estes serviçais conseguissem levar para fora da dungeon. É claro, isso mudava a
maneira de jogar, incentivava a cobiça e o desejo de posse, e geralmente fazia
da minha vida como DM algo mais interessante. Quando pilhas de moedas de ouro
eram o alvo, os personagens faziam o possível para pegar a quantia. O tesouro
de um dragão era o mais cobiçado. Claro que as montanhas de moedas eram um
misto de prata, ouro e todas as outras moedas. Depois de terminar o temível combate,
o tempo gasto verificando o que foi ganho, procurando moedas valiosas e
tentando descobrir como levar a maior quantidade de tesouro possível oferecia
muitas oportunidades para novos oponentes surgirem na cena.
Isso duro algum tempo, mas eventualmente os
jogadores descobriram os truques, davam apenas uma “varrida” no que fosse mais
valioso e deixavam o resto para quem ou o que se importasse. Isso acabou, então,
com o que parecia com a possibilidade de encontrar tesouro demais. Os jogadores
descobriram que “sim”, era demais.
Um ótimo texto, sem dúvidas. Moderar tesouros foi sempre um problema pra mim, meus jogadores passam muito tempo com moedas de cobre e prata (que normalmente uso até como a principal), muitas vezes até me chamam de injusto pelos combates difíceis e com pouca recompensa financeira (gosto de monstros errantes que não costumam carregar tesouros).
ResponderExcluirEm minhas masmorras tanto os tesouros mais valiosos quanto os (extremamente raros) itens mágicos ficam muito bem escondidos!
Abraços!
Como Gygax era criativo!!! Toda vez que leio algo sobre ele e suas histórias como DM fico surpreso! Obrigado por nos trazer este tesouro, Rafael!
ResponderExcluirConceito interessante. Gygax era um gênio. :)
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