terça-feira, 15 de dezembro de 2015

David "Zeb" Cook sobre perícias

Re-postando um texto perdido, semelhante a este aqui.

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David “Zeb” Cook é um dos principais game designers responsáveis por obras como o 2ed AD&D, o cenário de campanha Planescape e os suplementos Taladas e  Oriental Adventures, dentre vários outros feitos.
Apesar do uso de perícias ser sugerido anteriormente, foi em Oriental Adventures que a esta regra das perícias comuns começaria a se desenvolver no forma que conhecemos hoje no 2ed.
Vamos ler algumas sábias palavras de Zeb, quando perguntado no fórum Dragonsfoot sobre perícias:

“Acho que elas foram uma coisa boa. Uma das coisas que faltavam no AD&D era qualquer senso de que seu personagem tivesse uma vida real além das habilidades de classe. Elas davam ao jogador um modo de criar um background mais informado culturalmente para seus personagens.
Bem usadas e aplicadas, as perícias eram a maneira de dizer coisas como “Este é o resultado de ter sido criado por fazendeiros/lobos/clérigos/piratas.” Levava as pessoas a pensarem sobre seus personagens como algo além de um ser que brotou pronto da testa de Zeus. Agora, as perícias não funcionaram tão bem quando elas se tornaram apenas desculpas para fazer coisas especiais em combate. Neste ponto elas perderam o sentido de fazer seu personagem mais do que uma classe e se tornaram outra maneira de ‘bombar’ ele.”

Podemos ver então que a intensão das perícias não era de criar uma muleta, mas sim, de dar um sabor diferenciado aos personagens, uma cor diferente através de ajustes menores nas regras. Acredito que as perícias não foram uma mecânica muito feliz pelo problema exposto no fim do comentário. As pessoas não compravam “fazer potes de barro”, mas sim “lutar no escuro”. Talvez se as regras fossem um pouco diferente, separando as perícias em “perícias de profissão”, “perícias de hobby” e assim em diante, as coisas poderiam ter um resultado diferente.

Me criei com o sistema de perícias, apesar de não utilizá-lo mais, e vejo uma ótima ideia com uma execução não tão boa.

Mesmo assim, é ótimo ler o real intuito do autor.

3 comentários:

  1. Acho, pelos poucos jogos que joguei, que as carreiras do Barbarians of lemuria são a melhor forma de obter um background legal sem bombar personagens.

    Estou pensando em usar isso em meus jogos todos. Vc pode tem 4pts de carreiras, podendo distribuir entre elas ou ter algumas com mais pontos que outras. As carreiras seriam coisas como: escravo, pirata, selvagem, nobre, morador de rua, mercador, menestrel, gladiador, ferreiro etc.... em termos de jogo, sempre que vc fizesse um teste que envolvesse um das suas carreiras vc apenas adicionava ao teste o valor da carreira, e basicamente eles nao influenciam em combate, logo, ser soldado te ajudaria a escolher uma boa armadura na loja, identificar a origem de uma arma ou havaliar a estrategia militar de um exercito etc etc etc.

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  2. Se eu não me engano o AD&D primeira edição tinha algo como "non-professional skills" que eram uma listagem de coisas que o personagem conhecia de sua vida antes de pertencer a uma classe de personagem. Como tudo no AD&D, o DM iria definir chances de sucesso para coisas mais complicadas e arbitrar sobre o que o personagem podia ou não fazer com aquele conhecimento ou habilidade.

    Era algo solto, mas justamente servia para amparar os mais ávidos por um background além-classe. A lista era sim, quase que exclusivamente coisas como "pesca", "artesanato" e "forjaria" - meio que sendo uma ocupação do personagem mesmo.

    Para quem é do Old School, isso é o suficiente. Para quem curte mecanicas exatas, fica a mercê dos jogadores mesmo. Mas é o que dizem: o problema não é o sistema, mas sim com quem vc joga :)

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  3. OS backgrounds de D&D5 consertam um pouco isso... Concedendo skills referentes ao background. Sem precisar "contabilizar" os pontos o jogador fica menos propenso a ter que economizar graduações para upar skills mais usadas direta ou indiretamente em combate. De certo modo, o sistema de treinamento em detrimento ao sistema de graduações também colabora um pouco para amenizar esse aspecto. Não resolve o problema, mas acho que ajuda num passo ou dois.

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